Poluição nas águas do sistema estuarino-lagunar do rio da Madre (SC).

*Divulgação publicada no LAGOANDO Boletim no. 2 do PAN Lagoas do Sul

As lagunas da Guarda do Embaú e do Ribeirão (ou lagoa do Coração) fazem parte do estuário-lagunar do rio da Madre (ELRM), localizado nos municípios de Paulo Lopes (60%) e Palhoça (40%), em Santa Catarina. O cultivo de arroz e a urbanização que estão nesta região lançam seus resíduos não tratados e ricos em nutrientes e matéria orgânica nas águas naturais, prejudicando a qualidade ambiental do ELRM. A entrada destes materiais tem promovido a poluição das águas e baixas concentrações de oxigênio já foram registradas nas águas de fundo do rio da Madre e no canal que liga a laguna da Guarda à lagoa do Ribeirão.

A falta de oxigênio prejudica a saúde e o equilíbrio ecológico do sistema, diminuindo o número de organismos que precisam deste gás para respirar, como os siris, camarão e peixes. Os pescadores locais relataram que 10 espécies de peixes desapareceram destas águas nas últimas décadas devido à poluição das águas. Também relataram que a quantidade e a qualidade de camarão e de pescado diminuíram neste período.

A melhora da qualidade da água deste complexo-lagunar tem sido registrada em período de chuvas fortes, quando ocorre a diluição e exportação das águas contaminadas para o mar aberto. Por outro lado, em período de ressaca no litoral, o nível do mar aumenta e aprisiona as águas do ELRM, que perdem rapidamente a sua qualidade. Por ser um sistema sensível à entrada de poluentes vindos da agricultura e da cidade de Paulo Lopes, a degradação ambiental pode se intensificar com o aumento do uso desta região pelo homem. Vale lembrar que o solo desta região é formado principalmente por areia e que o lençol freático é muito raso, características que aumentam a vulnerabilidade destas águas à poluição pelos esgotos domésticos e pelos resíduos agrícolas.

Preservar a qualidade da água, e reverter a situação de poluição já identificada, é importante para a saúde e a economia local, que tem a pesca e o turismo de veraneio como importantes fontes de renda. Para melhorar a qualidade destas águas é fundamental preservar as matas ciliares, as nascentes e os banhados do ELRM. Os resíduos da agricultura e os esgotos domésticos precisam ser tratados com boa eficiência para retirar a matéria orgânica e os nutrientes antes de serem lançados no meio ambiente (ver diagrama ao lado).

A conservação efetiva dos ecossistemas lagunares do sul do Brasil, proposta pelo PAN Lagoas do Sul, deve ser pautada no conhecimento técnico-científico e comunitário da região, estabelecendo diretrizes para o monitoramento ambiental e para a disponibilidade da informação à sociedade. A participação de todas e de todos moradores na gestão deste espaço é fundamental para que as ações de conservação tenham resultados positivos e para que as gerações futuras também possam viver com qualidade nesta região.